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Mensagens de Amor

Educação sentimental

Educação sentimental
Ahh, 2014! Eis que um novo ano se inicia. Começo de ano é uma época que sempre envolve muitos planos, muitos desejos, muitas promessas (nem sempre cumpridas!)... E muitas contas a pagar! Janeiro é o mês dos reajustes, dos impostos, do pagamento dos exageros do Natal e de tantas outras contas que parecem simplesmente surgir do nada, quando menos esperamos.

Conforme o tempo passa, aprendemos a lidar melhor com nossa saúde financeira no início de ano. Já sabemos que não podemos exagerar em dezembro porque em janeiro as cobranças virão; já sabemos que é importante guardar uma parte do décimo-terceiro para pagar os tantos impostos que chegarão no mês seguinte; enfim, naturalmente acabamos passando por um processo de educação em que aprendemos a lidar com as finanças na virada do ano.

Mas um novo ano não é sinônimo apenas de contas a pagar. Esta época também é bastante propícia a pensar, desejar e planejar novos amores, novas relações, novas pessoas. O que acontece é que muitas vezes no final de cada ano as pessoas se dão conta de que o ano que passou foi exatamente igual ao anterior no quesito amor. Ao longo dos anos, a impressão é que as mesmas histórias se repetem com pessoas diferentes. Como pode?

Ora, o fato de o ano ser novo não significa que tudo vá magicamente mudar. Em outras palavras: de nada adianta um ano novo com velhos comportamentos, velhas expectativas e velhos erros. Ou seja, se você agir exatamente da mesma maneira como agiu em 2013, 2014 será exatamente igual. E 2015, 2016, 2017... Até que você efetivamente mude alguma coisa.

Assim como nos preocupamos com nossa saúde financeira e, conforme o tempo passa, acabamos nos educando, o ideal seria que nos preocupássemos com o mesmo empenho em educar o nosso coração. Assim evitaríamos repetir os mesmos erros do passado e certamente poderíamos ser mais felizes.

E como fazer isso? Como colocar essa tal "educação sentimental" em prática? Bom, em primeiro lugar é preciso ter um elemento fundamental, sem o qual nada a acontece: vontade de mudar. Vontade mesmo, de verdade, não aquela vontadezinha da boca para fora que não se reflete nos próprios pensamentos e atitudes. Mudar verdadeiramente não é uma coisa fácil, mas é plenamente possível quando se tem vontade. O primeiro passo, portanto, é parar e pensar se você realmente está disposto ou disposta a fazer mudanças internas.

O segundo passo, que também é complexo (porém possível) é ter disponibilidade de olhar para si mesmo. Olhar para si é um exercício que requer uma grande dose de autocrítica e reflexão. Tente "sair de si" e se ver como alguém que está de fora das situações que você já viveu. Se precisar, peça a ajuda de um amigo que seja plenamente confiável, de preferência se for uma pessoa com um bom olhar crítico.

Tente avaliar nas suas últimas relações o que deu errado. Mais importante do que isso: tente enxergar sempre o seu lado, ou seja, a sua contribuição para que as coisas não tenham funcionado. Neste exercício, o mais importante não é apontar o dedo para o outro, identificar nele mil defeitos, fazer milhares de críticas... Você não pode mudar o outro, tampouco pode mudar o que já passou. Mas você pode tentar perceber como você colaborou para o insucesso dos seus relacionamentos, buscando evitar os mesmos erros no futuro.

Quer um exemplo? Vejo muitas mulheres se queixando de que "só tiveram namorados canalhas" ou muitos homens reclamando de que "só tiveram namoradas grudentas". Ora bolas, quem escolheu esses pares, afinal?! Será mera coincidência ou será que essas pessoas, de alguma forma inconsciente, acabaram escolhendo pares com o mesmo perfil? O importante é tornar essas escolhas conscientes para que no futuro elas ocorram de forma diferente.

Aproveite o início do ano não apenas para planejar e desejar, mas para de fato efetuar mudanças em si mesmo. Transforme-se, modifique-se, e você terá não somente um ano novo, mas também novas histórias de amor.

escrito por

Dra. Mariana Santiago de Matos Psicóloga

Psicóloga e psicoterapeuta. Doutoranda em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio (2004) com dissertação sobre relacionamentos amorosos na adolescência